De Farias Brito:
O pensamento filosófico, quando não se reduz a uma mera técnica mental, mas tende a aprofundar-se cada vez mais na intuição da realidade, transforma-se naturalmente naquilo que os antigos chamavam “sabedoria”, tipo de conhecimento que traz em si mesmo o gérmen de uma transformação do homem todo, análogo, senão idêntico, ao domínio da contemplação pura, em que o sujeito se funde com o objeto universal, origem de todas as coisas.
Com isso, o grande filósofo diz o óbvio: a filosofia, para que não seja vã, deve ter uma finalidade prática, isto é, deve concretizar-se através de uma transformação naquele que a adota. Por este simples preceito é possível medir a fecundidade e a autenticidade de uma filosofia. Se não somos capazes de diferenciar, pela conduta, o filósofo de outro homem qualquer, se não podemos enxergar claramente os efeitos práticos de seu pensamento, estamos diante de uma filosofia estéril que não merece muito de nossa atenção.