Toda essa aflição experimentada pelo escritor sério poderia ser mitigada caso para ele fosse possível prometer-se e enganar-se, a cada nova obra, que após completá-la deixaria de escrever. Portanto, enxergar a obra presente como a última, sempre. Assim, a ilusão do alívio posterior daria forças para que o penosíssimo trabalho do momento não afligisse, e sim motivasse por ser o derradeiro de um espírito que está a um passo de descansar. Lamentavelmente, isso não é possível. O que é possível é enxergar em desalento o quanto ainda se tem por fazer, é sentir-se aprisionado ao dever, obrigado a forçar linhas que recusam-se a sair, e então fritar-se num processo terrível do qual a satisfação é estranha e o resultado é sempre a mesmíssima aflição.