O mais desafiador exercício de concentração e paciência é, sem dúvida, o escrever rodeado de barulho. Encadear raciocínios com a mente invadida por ruídos exteriores é como colocar um gravador de som no meio de um campo de batalha e, empunhando um violino, atribuir-se a missão de gravar uma música completa. Há, é verdade, ruídos e ruídos. Nenhum deles parece superar a força da voz humana, em suas infinitas manifestações. As palavras, no cérebro que raciocina, parecem invadi-lo e se interporem no espaço que separa os vocábulos do projeto de frase, inviabilizando qualquer formação lógica sólida, exigindo que o esforço se recomece e se recomece de novo. Enfim, é um exercício de resultado quase sempre inútil; exceto pelo fato de que aquele que o pratica com regularidade dificilmente se irritará em outras ocasiões.