No estudo da língua, embora pareça, a princípio, que gramáticos, filólogos e similares travam uma verdadeira guerra entre si, e que as desavenças que escancaram diante de nossos olhos pareçam acusações de ignorância ou algo pior, todos eles, se verdadeiros estudiosos da língua ou, melhor, se apaixonados por aquilo que estudam, brindam-nos com observações, no mínimo, merecedoras de atenção. Por organismo vivo que é, por criar-se e recriar-se continuamente, é impossível que a língua não suscite infinitas contradições. E, por mais que nos pareçam, às vezes, descabidas determinadas abordagens, ou nos pareça demasiada pretensão querer observá-la sob uma ótima inteiramente nova, ignorando o legado histórico que nos foi transmitido, a língua, por si só, sempre tem algo a nos ensinar; há nela sempre um aspecto por nós ignorado, seja por razões geográficas, temporais ou quaisquer outras, que pode abrir-nos a visão para novas possibilidades. Por isso, nenhum daqueles que a têm como dimensão necessária pode se permitir o luxo de deixar de estudá-la até o fim da vida; fazê-lo é, simplesmente, desperdiçá-la e desperdiçar-se.