É sempre comovente quando notamos o nascimento de um espírito deslocado, seja no tempo ou no espaço. Quando o observamos, distanciados, ficamos com a sensação de uma total injustiça, de uma pena excessiva e injustificada por um crime não cometido, de uma tortura que só parece obstruí-lo senão puxá-lo para trás. E comove notar que um pouco, um nada que a maioria tem, lhe tornaria a existência significativamente mais agradável. Contudo, quando lhe analisamos a trajetória e buscamos a motivação para cada um de seus passos, percebemos que estão todos eles enraizados neste deslocamento que, profundamente sentido, gera um desconforto que impele a ação. É um desconforto, portanto, produtivo, que necessita expressar-se e necessita agir a fim de atenuar o sentimento; é um desconforto que, em suma, não permite a acomodação.