Noturno, de Fagundes Varela

Quando confrontamos um poema como este Noturno, de Fagundes Varela, com as bobagens que se consagraram no último século, ficamos com a sensação de que a poesia brasileira suicidou-se diante de aplausos da plateia. De um lado, temos uma alma que sangra e brada em versos, uma alma que se vale da arte em sua manifestação mais nobre, como transmissora da experiência mais íntima, mais intensa, mais sincera; já do outro lado… É mesmo um insulto o mero cotejar tais motivações, o mero supor que acaso sejam comparáveis. Não é pouca a coragem necessária para dar voz ao sentimento manifesto neste Noturno. Provando tê-la, Varela mostra não estar brincando de fazer poesia, e portanto não deve nunca, jamais ser comparado aos popularíssimos e aclamados brincalhões.