O desejo de ser lido é apenas a inferior entre as possíveis motivações para escrever, sendo frequentemente ausente quando alguma das superiores se manifesta. Para ele sobra pouco espaço quando se sente o impulso invencível de preservar-se gravando o próprio espírito nas letras, ultrapassando o tempo e dignificando a experiência pelo registro duradouro. Da consciência da singularidade brota a vontade de querer expressá-la, de talvez elevar-se a ela pela expressão justa, que denota sua compreensão. Quando se pensa nestas coisas, percebe-se o quão distantes estão do trivial desejo de ser escutado ou da necessidade de atenção.