O capitalismo impôs uma filosofia comportamental que exige do homem eficiência e profissionalismo no convívio diário. Diferente disso é anormal, repulsivo, contrário à ditadura vigente. Forçoso é responder e-mails, mensagens, retornar ligações, além de ter sempre e para todos o sorriso falso de um vendedor. Uma conduta calcada no interesse e na preocupação com a própria imagem — os outros, sempre os outros, os possíveis clientes de um indivíduo transformado em empresa. Disto a supressão da individualidade: a ação submete-se ao conveniente anulando a própria vontade. Praticamente, perde o ser o reconhecimento de si mesmo, e com isso a noção de importância e dignidade. Não parece haver solução que não parta de um cansaço completo, que se converte em indiferença e desprezo para com o mundo e origine um comportamento que horrorize o cidadão comum.