A literatura, para ser agradável, deve escusar-se do julgamento e da expressão de tormentos. Assim afaga, em vez de agredir o leitor. Mas convém perguntar: que espécie de artista optaria por semelhante postura? ou antes: como justificar o impulso artístico escrevendo agradavelmente? O que parece é que a literatura agradável é, também, a literatura dissimulada, a que carece de sinceridade e verve, a que enfastia pela futilidade —a despeito de sua “leveza”. Disso conclui-se que é improvável que o artista sincero não suscite desconforto e, por conseguinte, não angarie uma forte rejeição.