É divertido pensar que provavelmente eu tenha sido o primeiro a utilizar “morbidez delirante de um faquir” — foi isso o que escrevi! — referindo-me à obra máxima de Nagarjuna. Nagarjuna, um santo, classificado sempre com superlativos e adjetivos preciosíssimos. Que posso fazer? Culpar-me a mente indomável? Esforço-me, tento imaginar uma realidade muito, muito distante, o silêncio da meditação de anos a fio, mas ainda assim não consigo admitir o contrassenso de boa parte da argumentação da obra. Quero convencer-me de que não me elevei o suficiente, que Nagarjuna raciocina de altitudes inalcançáveis para meu espírito. Quero pensar que o lapso no tempo, a realidade discrepante e a tradução tornaram a obra incompreensível para mim. Mas recordo-me de alguns silogismos e… bom, que venha o futuro, e espero sinceramente ser tomado de uma nova impressão.