O que faz Mário Ferreira dos Santos nesta obra intitulada Sobre Deus é digno de nota. Após uma breve exposição sobre o tema escabroso, segue-se um debate de altíssimo nível em que são confrontados simplesmente os melhores argumentos a favor e contra a existência de Deus. Mário, embora externe de antemão sua posição pessoal a respeito do problema, deixa-lhe os opositores falarem livremente. O resultado é uma obra, sobretudo, esclarecedora, cujo desfecho expõe fatalmente as contradições terríveis em que se atiram aqueles que negam a existência de Deus, isto é, a existência do criador supremo, eterno, autossuficiente e imprescindível. Pela lógica, é forçoso admiti-lo. Mas há mais, há um efeito interessantíssimo decorrente da honestidade intelectual e da sabedoria de Mário: não se tem notícia de argumentos mais fortes, completos e convincentes contra a existência de Deus que os levantados pelo barão de Holbach; e estes permeiam a obra sem obstáculos, livres para evidenciar-lhes a potência. Ocorre que, quando confrontados com as provas lógicas irrefutáveis oferecidas pelos grandes estudiosos do problema, as provas lógicas que exigem a existência de um princípio criador e exige-lhe as qualidades que tanta polêmica têm gerado há tanto tempo, os argumentos de Holbach perdem a força, ainda que não estejam sendo diretamente rebatidos. Que efeito! A lógica se impondo soberana! Tudo que poderia ser dito contra Deus está dito, e dito de forma emotiva, eloquente, reunindo aspectos o bastante para que nenhuma alma permita-se indiferente. E, ainda assim, a argumentação fracassa completamente diante de um exame acurado…