Sinto-me perfeitamente capaz de imaginar efeitos impressionantes provenientes das práticas tântricas budistas, que não são senão um processo de reeducação mental. Mas nem o budismo, nem qualquer outra escola oriental pode convencer-me do contrassenso de negar a realidade, não importa quão maravilhosos efeitos prometam com o fazê-lo. Compreendo os perigos de valorar sobre o erro, compreendo, sobretudo, a necessidade de romper com os laços terrenos; mas minha mente rechaça violentamente o considerar-me um nada em essência, envolto num nada desprovido de qualquer fundamentação: zeros e mais zeros, e nunca alguma coisa. Não! Há ilusões e posso distingui-las porque há, também, algo não ilusório. Há a mente e os produtos da mente, como há uma realidade exterior que se lhes difere. Lamento, lamento, mas não posso aceitar como fenômenos idênticos um soco na cara imaginário e um soco na cara real — e posso, quem diria!, provar o que digo.