E notável a quantidade de escritores, grandes escritores, que romperam com o idioma materno no último século. Parece este ter sido o século dos desterrados. Boa parte deles expatriaram-se em decorrência das guerras, mas houve vários que o fizeram livres de estímulo exterior. Disso, a decisão mais ou menos natural do rompimento. Curioso: é improvável que o prazer ou, talvez, o fascínio de escrever em língua estrangeira dure mais de dois ou três parágrafos; logo se desvela o trabalho penosíssimo que se há de fazer ante o dicionário. Mas ainda assim, prosseguiram eles, acaso com uma força de vontade que mereça admiração dobrada. E que dizer dos poetas? Estes, certamente eximiram-se do purgatório… E a tendência, parece-me, não se foi com o século, com a diferença que, agora, parecem todos elegerem a mesma opção. Que concluir?