O difícil, em arte, é aproveitar inteligentemente as manifestações espontâneas que surgem durante o processo, inserindo-as na estrutura predefinida sem prejudicar o conjunto. Com frequência, os pontos mais altos de uma obra são oriundos de lampejos inesperados que o autor soube aproveitar. O todo, é certo, carece de ordem; e ordem não se faz de uma centelha que brota subitamente no espírito. Mas o artista, se surpreendido da ideia adventícia, fará muito bem transferindo-lhe este efeito surpresa para a obra. A arte ganhará.