Por muito que se diga contra a obscuridade do Simbolismo ou, mais especificamente, dos poetas simbolistas, a verdade é que há algo brilhante e curiosíssimo nesta técnica expressiva que parece ocultar-se quando, em verdade, abre-se a possibilidades insondáveis. Em poesia, as palavras adquirem um peso incomum quando evocadas. Um verso desprovido de nexo sintático mas abundante em vocábulos sugestivos terá, sim, um forte efeito na cabeça de quem os lê. Se constrói-se “Dia chuvoso; dor; fadiga e desalento”, embora não conectadas logicamente por um argumento, a mente, ao ler tais palavras, de pronto as relaciona e forma uma imagem possuidora do elo lógico que lhes parece faltar. Assim, o poeta consegue fazer com que elas se manifestem em nuances individualizadas para cada leitor. Se, por vezes, a obscuridade pode ser enfadonha, por outras pode gerar efeitos interessantíssimos e quase ilimitados.