A discussão sobre a cesura

A discussão sobre a cesura pode facilmente ser suprimida da versificação portuguesa, sem prejuízo nenhum para a compreensão da técnica poética. O querer abordá-la, aliás, é o erro em que recaíram muitos estudiosos, que acabaram por meter-se em situações dificílimas, visto não haver que falar em cesura ante versos balizados apenas pela contagem silábica, como a maior parte dos praticados em português. Nestes versos, o risco de falar em cesura é confundi-la, como tantos fizeram, com o simples acento. A cesura só se justifica quando corta, e cortar é separar, dividir, estabelecer limites dentro do verso. Faz sentido enquanto impacta a técnica construtiva, e é absolutamente ociosa quando não indispensável para a sua compreensão. Em português, o que se percebe é que, salvo nos chamados versos compostos, pouco praticados e muito condenados por incompreendidos, nos quais hemistíquios independentes exigem uma cesura clara que os delimite e lhes faça a técnica inteligível, não há necessidade de se falar em cesura, e assim evita-se muita confusão.