A evolução da poesia de Manuel Bandeira descreve, muito mais do que uma rebeldia estética, uma busca por autenticidade, um despojamento progressivo de adornos a fim de centrar-se no fundamental. É uma poesia que mais buscou livrar-se de artificialidades que inventar outras novas; uma poesia íntima, pessoal e sincera, original antes pela expressão de uma individualidade que pela forma — a forma, esta que o próprio Bandeira expressamente taxou de secundária e que parece, a alguns, constituir-lhe a essência da criação poética. É por isso que não se imita Bandeira: para fazê-lo, seria preciso sê-lo; uma honra que felizmente não será concedida a ninguém.