Recebo a simpática instrução por e-mail: “(…) na página “Leituras” está escrito “Assim me tenho divertido” enquanto o correto seria “Assim eu…” pois “me” não faz nada (…)”. Justifico-me nesta nota.
Claro, amigo, “me” não faz nada além de receber a ação verbal: é objeto. Abaixo as transformações a que submeti a construção “Assim eu tenho divertido a mim mesmo”:
1- Assim eu tenho divertido a mim mesmo.
2- Assim tenho divertido a mim mesmo.
3- Assim tenho divertido-me.
4- Assim tenho-me divertido.
5- Assim me tenho divertido.
Uma das características mais belas da língua portuguesa é justamente essa flexibilidade quanto à colocação. O pronome oblíquo átono pode ocupar diversas posições dentro de uma mesma frase. Neste caso, saliento: 1) a concisão em se reduzindo “a mim mesmo” pelo oblíquo “me”; 2) a absoluta repugnância aos ouvidos na posposição do oblíquo ao particípio, evidenciado no exemplo 3 (“divertido-me” não existe em português); e 3) a força atrativa do advérbio “assim”, que me permite puxar o oblíquo para trás do verbo auxiliar.
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