A história brasileira é um campo fertilíssimo para a sátira. Mas quiçá, entre o inesgotável festival de ironias, nenhuma seja mais divertida que o lema positivista enfiado na bandeira nacional, em ato que viria a fomentar a antítese do próprio lema, o qual nunca, nem por um mísero decênio, viria a manifestar-se na nação como modelo ao resto do mundo. Muito pelo contrário: após a proclamação republicana, o que decerto não houve foi ordem, e muito menos progresso, degradando-se ambos perante o ocidente, de maneira que hoje, pouco mais de um século após a importação do fictício e malfadado lema, o Brasil é certamente muito melhor e mais fielmente representado por “desordem e atraso”.