A impressão que se fica após a leitura de vários romances náuticos é que o homem, para embarcar num veleiro, tinha de sofrer ao menos um distúrbio mental grave. É divertidíssimo constatar quão absurdas nos parecem, hoje, as navegações do passado, em que as embarcações eram como joguetes expostos à fúria marítima e os viajantes, acossados pelos terrores das procelas, punham-se de joelhos diante da sorte. Essa exposição voluntária ao desconhecido parece-nos irracional, embora expresse uma coragem que hoje carecemos. Mas o embate do homem com o irracional, o poderoso e incontrolável continua existindo; embora já não se tire lições como antes e nem se saia com a mesma dignidade.