De todas as funções psicológicas fundamentais junguianas, a “intuição” é a mais interessante e desafiadora para aqueles que buscam compreendê-las em profundidade. O próprio indivíduo no qual este mecanismo perceptivo apresenta-se acentuado, caso busque interpretá-lo, ver-se-á em grande dificuldade, posto que interpretá-lo seria em suma racionalizá-lo, e não se racionaliza o irracional. Demais, se comparamo-lo com a outra função irracional segundo a classificação de Jung, a “sensação”, esta parece sem dúvida mais compreensível e menos abstrusa para aqueles que a não possuem saliente, porquanto ativada através de estímulos mais facilmente visíveis e palpáveis. Como a “sensação”, é a “intuição” espontânea; mas embora, como diz Jung, seja uma faculdade exclusivamente perceptiva, trabalhando em conjunto com as funções de julgamento induz um parecer daquilo que percebe. Sai este, portanto, automático e calcado no inexplicável. O que sobretudo impressiona é o sair frequentemente carregado de certeza, uma certeza que desafia a lógica, posto calcada numa percepção irracional. E ver que esse mecanismo prova-se eficaz repetidas vezes, prova-se confiável a ponto de não somente rivalizar, mas invalidar conclusões alcançadas por outras faculdades — faculdades aparentemente mais lógicas — naqueles que a possuem pronunciada. Notável…