Auguste Dorchain, em L’art des vers, definiu admiravelmente o encanto proporcionado pela poesia: “la surprise dans la sécurité”, “la variété dans l’unité”, “la liberté dans la discipline”. É o equilíbrio entre tais contrastes que nos dão uma sensação de prazer ao percorrer uma obra poética. Sem a segurança, a unidade, a disciplina, não nos parece o conjunto harmonioso; sem a surpresa, a variedade, a liberdade, ele não nos parece estimulante. Assim, é justo que um poeta defina quais elementos representarão as primeiras qualidades, e quais as segundas em seu poema. É balanceando-as que se constrói um todo bem-feito, ainda que se penda mais para o efeito mais desejado. Embora seja compreensível o anseio por liberdade que inspirou poetas do passado, embora muitas inovações renovaram e engrandeceram admiravelmente a arte poética, parece uma depreciação da arte o aceitá-la executada de qualquer jeito, como se fosse premiada com elogios a música de um leigo que tocasse desordenadamente um instrumento musical.