A língua oferece, a todos, possibilidades idênticas. Não é ela senão um conjunto imenso de signos a ser utilizada como veículo de expressão de ideias, fatos, sentimentos. Numa obra de arte, pois, o manejo da língua, o estilo, será tão mais autêntico quanto mais individualizar a expressão daquilo que se propõe a expressar, ou seja, quanto mais a singularidade do artista ficar exposta através do conjunto de signos universal. Pois bem. Parece que a partir deste raciocínio — correto — ficou legitimado o vale-tudo nas letras e, em razão de outro raciocínio que frequentemente o acompanha, — o de que, em arte, o importante é ser “original”, — verdadeiras aberrações foram reputadas como maravilhas. Defrontando tais obras, ficamos com a sensação de que há algo de errado, de que não pode ser bom algo tão simplório, somente por diferente. E então parece justo observar que a verdadeira maestria, em arte, faz aparentar simples o complexo — e não o contrário…