Experimentações diversas têm-me induzido a pensar que a melhor narrativa exige estruturação metódica. É verdade: faz-se prosa de mente livre, deixando-a fluir, com resultados interessantes. Contudo o efeito de uma narrativa é quase sempre mais fraco se lhe notamos grandes lapsos estruturais. Por que é tíbia? por que não convence? Frequentemente encontramos a resposta em seu encadeamento, na maneira como está organizada e progride. Da parte do artista, parece interessante sentar-se e construir com liberdade total, desprendido de amarras estruturais. Entretanto, parece haver aí um engodo. A grande arte aparenta exigir um artista onisciente que, a cada passo, esforça-se por simular a naturalidade do que está a criar.