A narrativa ficcional realista e objetiva, se carregada e praticada como dogma, acaba privando o escritor desta verdadeira delícia que é o estilo, visto que, por definição, ser realista e objetivo é adotar, por assim dizer, um “estilo impessoal”. Mas esta delícia, experimentada pelo poeta, pelo filósofo, pelo historiador e por quem quer que compreenda o elemento individual necessário à escrita, e sem o qual a obra é desprovida de elo com a realidade apreendida em primeira pessoa, é também um incentivo inigualável ao apuro da expressão. A satisfação de moldar as palavras é a satisfação com a liberdade de dizer as coisas tal como nos pareça melhor.