A obsessão em raciocinar sob todos os ângulos possíveis é a morte do raciocínio: não há limites para o pensamento, os pontos de vista nunca se esgotam. Por isso qualquer tratado ou sistema que se pretenda completo está desde o princípio fadado ao fracasso. O raciocínio amplo exige a confrontação de proposições contrárias e, invariavelmente, anula-as uma a uma quando abordadas com isenção. Se alarga a obra, alarga aniquilando-se e mostrando-se cada vez mais falha. Para todo raciocínio válido há um raciocínio contrário igualmente válido. Se o pensador opta por abrangência, tem obrigatoriamente de abrir mão da assertividade — e, por conseguinte, da potência.