A prática religiosa perde a nobreza quando, em vez de trabalhar pela purificação espiritual, serve ao homem como compensação aos vícios rotineiramente praticados ou, pior, converte-se-lhe em veículo de expressão de todos eles. É natural que o homem, tendo em si o mal, busque meios para canalizá-lo. Mas ver religiões, isto é, práticas que deveriam esforçar-se para que o homem se livre da própria miséria, dando azo à inveja, à vaidade, à vingança, ao impulso que se afirma em detrimento do outro e inúmeras outras manifestações lamentáveis e destrutivas, induz a imenso desgosto e à conclusão amarga de que a espécie definitivamente não tem solução.