A representação da realidade parece mesmo o exercício literário essencial; quer dizer, deixando de lado as teorias estéticas, simplesmente transformar em literatura a experiência ou a observação. Com o tempo, ficam evidentes os limites que a própria realidade oferece, e então o artista poderá optar por dar um passo adiante. É curioso observar que as obras mais altas são frequentemente originárias desta motivação: alcançar pela arte aquilo que a realidade não permite. Parece haver, nos artistas tomados por esta obsessão, um ponto na vida em que a realidade se esgota, ou no mínimo torna-se insuficiente. Daí que todo o treinamento prévio é empregado a tornar a criação mental uma realidade literária tão patente quanto aquela motivada pela experiência direta. E ver que, em muitos casos, a primeira ainda consegue se sobressair.