A vida só parece monótona a quem não lhe presta a devida atenção. Basta registrá-la para percebê-lo, caso os olhos abertos não sejam suficientes ou a memória falha. Esta é uma verdade que impressiona quando constatada: subitamente, parecem fazer sentido muitas singularidades aparentemente banais do passado, que passaram como despercebidas. Então, fica muito difícil não tender a uma interpretação quase mística da realidade, posto que imenso esforço se faz necessário para negar conotações ocultas que revelam-se realidades infinitamente mais plausíveis ao raciocínio. Em suma: a monotonia, o mais das vezes, é mera desatenção.