É irônico observar que, na maioria dos casos, a liberdade não produza bons frutos quando, em contrapartida, o desejo de liberdade seja um dos mais potentes propulsores do espírito humano. O homem, para ser produtivo, parece carecer de um estado que lhe proíba a inércia por simples necessidade. E toda a aflição oriunda da consciência da própria dependência, toda a tortura psicológica que brota desse desejo impossível de libertação parecem, afinal, proveitosas! É bem verdade que o tempo consagrado ao necessário aparenta sempre acima do tolerável; mas não há dúvida que a mente acostumada à agitação contínua, que tira ação da insatisfação com a própria circunstância, obra mais e melhor simplesmente porque se tornou mais ativa e vigorosa — ainda que por razões, digamos, pouco nobres.