Diz Luciana Stegagno-Picchio:
A crítica, desde a de gosto psicanalítico até a de intenção sociológica, ocupou-se e preocupou-se bastante com a cor da pele de Machado de Assis, a ela atribuindo psicossomaticamente todos os males que afligiram o homem, da gagueira à epilepsia: problema que aparentemente não deveria apresentar nenhum interesse num país de integração racial quase total, programaticamente alheio a todo tipo de racismo e mesmo incapaz de distinções excessivamente sutis no assunto (…)
Oh, Deus! Incrível! Alguém a dizer o ostensivamente manifesto, o expressamente validado na pele, na mente, na língua e na cara do brasileiro! Claro, claro, são linhas de uma estrangeira… Por aqui, a necessidade é, ainda e sempre, a de imitar os americanos, especialmente nos defeitos. Mas há estrangeiros, e estrangeiros que registram a verdade! Como é bom havê-los! E, havendo-os, pode-se sonhar com alguma redenção….