Aquele que toma consciência de que o tempo é a substância da vida conclui, por dedução, de que viverá tão melhor quanto melhor empregar o tempo de que dispõe. Então perceberá, primeiro, que não dispõe de tempo algum, senão o agora, e que portanto, estendendo a conclusão anterior, viverá tão melhor quanto melhor empregar o agora. O passo seguinte é o que frequentemente desalenta, e por vezes conduz ao suicídio. O bem empregar do agora está condicionado a meios apenas parcialmente controláveis e sempre sujeitos à roda da fortuna. Assim que, para alguns, é possível apegar-se a um tempo provável como aliado contra o mais que a fortuna se lhes pode interpor aos objetivos; para outros, porém, avessos ao indefinido, cuja sensatez exige o apegar-se apenas ao que há de certo, é insuportável o constatar que, de certo, há apenas a submissão à necessidade mais imediata.