Aquele sentimento de amor à língua, magnificamente retratado por Bilac em um de seus sonetos imortais, é algo que parece imprescindível em qualquer cultura autêntica, e qualquer cultura que tencione sobreviver. Talvez, seja justamente este o elemento distintivo unificante de que carecem alguns dos países europeus essencialmente cosmopolitas, que às vezes parecem aos sociólogos, se não amorfos, mais uma extensão de qualquer país vizinho. A nível individual, o sentimento parece ainda mais importante, e se a língua falasse, seria muito bom que determinasse, a fim de evitar um número incontável de disparates: “Se não me amas, por favor, deixa-me em paz”.