Aqueles que resumem a poesia à técnica têm, atualmente, uma bela oportunidade de enxergar o quanto a técnica, sozinha, é inócua. Em português, talvez não haja poetas mais imitados que Bandeira, Pessoa e Drummond. Há, inclusive, ótimas imitações, imitações que evidenciam habilidade. Mas todas elas parecem carecer de algo, e este algo nos demonstra que não se pode imitar o Manuel Bandeira, o Fernando Pessoa e o Carlos Drummond de Andrade porque, em suma, não se pode ser o Manuel Bandeira, o Fernando Pessoa e o Carlos Drummond de Andrade. Vemos a imitação e, ainda que ela seja boa, é imperfeita — e acabamos, sempre, sempre, preferindo o original ao imitador. Somente a técnica não basta, a poesia exige o estro que deriva do individual.