Basta de psicanálise!

Basta de psicanálise

Percorro uma obra interessante sobre psicologia, quando começam as referências à psicanálise. Deus! Creio-me num ponto em que já não posso mais suportá-la; foi-se o respeito, a condescendência apaziguadora. Já não parece-me cansativo, mas deprimente continuar mirando esse modelo humano medíocre proposto por Freud. Um modelo aferrado ao passado, castrado de potencialidades, para quem o futuro não é senão a continuidade do presente lamentável, o arrastamento de uma escravidão mental. Penso em Buda ou, antes, no jovem Sidarta, cuja relevância começa exatamente após a tomada de consciência da vida e a primeira manifestação da personalidade, que deliberou um rompimento abrupto e terminante com o passado — algo impossível segundo Freud. Seguiu o ex-príncipe e trilhou-lhe o célebre caminho, que não guardou absolutamente nenhuma semelhança e não sofreu absolutamente nenhuma influência determinante das experiências prévias de Sidarta. Tornou-se Buda, e antes de Buda alguém diferente, alguém cujos passos manifestavam uma vontade livre e resoluta, cujas ações afirmavam um desprendimento último não só do passado, como de todas as correntes que Freud asseverou como componentes necessários de seu modelo humano. Purificou-se escalando níveis, agregando-lhe à experiência as provações que tornaram-lhe cada vez mais autêntico, e cada vez menos o que fora. Basta de psicanálise!