Causa espanto notar que a questão da imortalidade quase nunca seja abordada no grosso daquilo que se chama filosofia especulativa. Para tomar conhecimento dela, é preciso recorrer a obras específicas, não obstante o problema ser primordial para qualquer compreensão que se possa ter da existência. Quer dizer: sua mera possibilidade transforma a natureza da realidade, a qual a filosofia especulativa pretende investigar. Sem abordá-la, sem sequer considerá-la, a filosofia sai mutilada, senão falta de fundamento real. Virar as costas ao desconhecido por uma alegada prudência é, decerto, uma das maiores imprudências que o filósofo pode cometer.