O divertimento é a maior de nossas misérias

De Pascal:

A única coisa que nos consola das nossas misérias é o divertimento, e, no entanto, é a maior das nossas misérias. Com efeito, é isso que nos impede principalmente de pensar em nós. Sem isso, ficaríamos desgostosos e esse desgosto nos levaria a procurar um meio mais sólido de sair dele. Mas o divertimento nos alegra e nos faz chegar insensivelmente à morte.

Convicções profundas, só as têm as criaturas superficiais

Hoje, vamos destes excertos de Fernando Pessoa:

Se há fato estranho e inexplicável é que uma criatura de inteligência e sensibilidade se mantenha sempre sentada sobre a mesma opinião, sempre coerente consigo própria. A contínua transformação de tudo dá-se também no nosso corpo, e dá-se no nosso cérebro consequentemente. (…) Ser coerente é uma doença, um atavismo, talvez; data de antepassados animais em cujo estádio de evolução tal desgraça seria natural.

A coerência, a convicção, a certeza, são além disso demonstrações evidentes — quantas vezes escusadas — de falta de educação. (…)

Convicções profundas, só as têm as criaturas superficiais.

Deveres do artista

Outra de Pessoa:

A indiferença para com a Pátria, para com a Religião, para com as chamadas virtudes cívicas e os apetrechos mentais do instinto gregário são não úteis, mas absolutamente deveres do Artista. Se isto é amoral, a culpa é da Natureza que o mandou criar beleza e não pregar a alguém.