Essa modéstia literária, forçada, cheia de pompa, tão ao gosto dos caçadores de elogios, nada tem de modéstia e mais parece vaidade. A virtude, se autêntica, é espontânea. A humildade simulada agrada tanto quanto uma nota falsa. Dito isso, é notável a simpatia que a verdadeira modéstia pode inspirar. É o que ocorre nestas admiráveis Conversações com Goethe, de Eckermann. Desde o princípio, o autor se nos apresenta com uma simplicidade absolutamente despretensiosa. Narra-lhe, sucintamente e sem dramatizar, as próprias origens, e conduz a obra com uma sinceridade digna do maior apreço. É de se lamentar que, ainda assim, tenha sido alvejado por ironias. Mas é inevitável que a verdadeira virtude seja invejada por aqueles que a não possuem. Eckermann é humilde, simplesmente humilde, e suas linhas agradam, sobretudo, pela naturalidade com que apresentam temas elevados. Pela forma e pelo conteúdo, é uma obra merecedora dos mais sinceros elogios.
Conversações com Goethe, de Eckermann
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