Diz Evanildo Bechara, em sua Moderna Gramática Portuguesa:
De vez em quando, surgem pessoas que querem ver expurgadas dos dicionários certas palavras depreciativas de povo ou localidade (como judiar, baianada e outros). É excesso de sentimento a que a História não se curva, nem o povo leva em conta, porque, no uso do termo, não entra nas minúcias históricas do pesquisador, nem procura, usando a palavra, fazer juízo específico a respeito do povo ou da localidade.
Que coisa! É este o tipo de comentário que, hoje, não espantaria se colocasse o quase centenário professor numa jaula, após arruinar-lhe por completo a reputação e aviltar-lhe publicamente a obra. Contudo, se algo é atestado pela história, é que ideologia ou censura de nenhuma espécie pode competir com uma língua viva, falada e moldada majoritariamente por aqueles que não dão a mínima para os frequentes delírios de cabeças vazias. É um embate, sem dúvida, divertido de se ver, cujo resultado é sempre o mesmo e nos dá uma justa dimensão da vitalidade e da independência de um idioma.