Do Brasil, é difícil imaginar o ambiente literário europeu do século XIX, no qual não somente se ganhava algum dinheiro com literatura, mas era possível viver de ficção. Só de imaginar um pagamento, qualquer pagamento, precificado pelo número de páginas escritas, é algo que faz o cérebro travar. Menos absurdo que conjeturar um editor que pague alguma coisa por literatura, é pensar no ato da criação invadido por pensamentos como: “Cobrarei tanto por página”, “Oferecerei a obra a este e àquele editor”, “Preciso finalizar o livro para receber”… E isso como regra! experimentado por praticamente todos os autores! Então, o pensamento voa para os aspectos econômicos: esta obra foi vendida por tanto, aquela por outro tanto, este autor vendia tantas obras por ano, aquele outras tantas, e assim por diante. E pensar nos autores que fizeram a literatura brasileira, financiando o próprio trabalho, publicando por um misto de dever e amor, e sem jamais contar com a possibilidade de ganhar uma vida com a literatura. O contraste é brutal!