É impossível que um moralista não aparente amargo a mentes comuns, porquanto amaríssimas são as conclusões a que chega quando contrapostos o senso moral que lhe pulsa à realidade mundana. O ser moralista necessariamente acarreta essa predisposição a observações desagradáveis. Todo o seu trabalho é um esforço para encarar e esmiuçar aquilo que uma mente comum evita; e se avança, não o faz senão pelo desejo de esclarecimento e pelo dever de sinceridade. É por isso que, se um dia enfim abranda, se as linhas lhe passam a exibir uma serenidade quase beatífica, merece a nossa admiração e reconhecimento: isso jamais se dará sem que tenha vencido os problemas sobre os quais se debruçou.