É muito difícil julgar o artista inconsequente, que tem no agora sua única realidade e adota uma postura financeiramente irresponsável. Admita-se ou não, a prudência financeira é uma aposta. A frugalidade, a parcimônia, o construir lentamente um pequeno patrimônio é apostar que haverá futuro e que, nele, será possível dedicar-se inteiramente à arte, ainda que dela não se extraia um tostão. A verdade é que, em hipótese nenhuma, o artista pode permitir-se desperdiçar o agora, e deve trabalhar sempre as melhores ideias de que dispõe, ainda que por um tempo reduzido, muito longe do ideal; pois, assim como o futuro é uma possibilidade, há também a possibilidade de que jamais usufrua das tais condições “ideais”.