É tradicional da sabedoria indiana reforçar…

É tradicional da sabedoria indiana reforçar insistentemente a importância do presente, tendo em vista que, do passado, colhe a mente o remorso e, do futuro, a apreensão. Portanto, parece ser objetivamente impossível uma paz que não se resuma em uma imersão serena e anuente no agora, uma imersão que se satisfaz de si mesma. Mas ah, como ela é difícil! Aquele mínimo que falta, aquele querer que não é muito, mas é colocado num futuro hipotético, aquela felicidade real, plena, reconhecida, que pouco exige mas é distanciada do momento, tudo isso é, decerto, o enterro da paz. E a aflição que brota desta constatação, ou melhor, desta postura, é daquelas que não se vence, porque não se pode acelerar o tempo, nem viver o futuro no presente. Portanto, por mais que pareça difícil, e por mais que às vezes os sábios da velha Índia pareçam repetitivos, a verdade é mesmo só essa: o que há é simplesmente o agora.