Enquanto, na prosa, a pontuação tem como uma de suas funções primordiais a demarcação lógica do discurso, na poesia esta função parece sempre subordinada à estética dos versos. Há situações em que, instintivamente, percebe-se o verso a repelir a lógica e pedir que corra livre ou que se ignore aquilo que, na prosa, seria obrigatório. Aos que fazem versos e respeitam a língua com a qual trabalham, o mais difícil parece ser dissuadir o cérebro de suas implicâncias, e convencê-lo de que, em poesia, às vezes é proveitoso deixar de lado as exigências do discurso racional.