Especializar-se no cotidiano é especializar-se em ter uma opinião imediata, quer malformada, quer pouco meditada sobre tudo. Em pouquíssimo tempo, o cérebro se acostuma à pobreza de critérios e se convence até de que a meditação é desnecessária, por nada poder adicionar. É claro que, muitas vezes, tem-se uma intuição acurada dos fatos, intuição, aliás, que meditação nenhuma poderá substituir. Mas, tratando-se do cotidiano, o que se apresenta como “fato”, quase sempre, é a falsificação de um fato ou, no máximo, o próprio irreconhecível por coberto por uma embalagem vigarista projetada para deturpá-lo. Sendo assim, e sendo frequentemente maçante e dificílimo retirar-se-lhe o envoltório, o melhor, a menos que o sentido de dever se manifeste, é deixá-lo para lá.