Este Firmino, pintado por Ferreira de Castro em A selva, é mesmo um personagem digno de nota. Um personagem tão tipicamente brasileiro, mas tão raro nesta literatura centrada em tipos que quase nunca superam a mediocridade. É um tipo que, embora pobre, não é caracterizado, ou melhor, não comove pela pobreza ou pela privação material, mas por essa indefinível inocência, que aceita e encara a dura vida com inabalável boa disposição; é pela honestidade e simplicidade plenas, quase irreais; é, enfim, pelos valores morais que sobejam em meio à falta dos materiais. Firmino lembra um pouco os mujiques russos, cuja admiração já rendeu críticas a figuras como Tolstói e Dostoiévski. A verdade é que a bondade e a humildade que deles emana é mesmo admirável; e sua veracidade, no mínimo, tão real quanto romantizada.