Disse, se não em ato de coragem, ao menos de honestidade intelectual, que a obra máxima de Nagarjuna pareceu-me delirante. Parei por aí. E eis que agora, após cerca de dois meses, entro em contato com esta Filosofias da afirmação e da negação, deste enorme Mário Ferreira do Santos, que esmaga metodicamente cada uma das linhas de Nagarjuna que tanto me estranharam, e que não arrisquei aventar o porquê. Mário, nesta obra, deixa quem a lê na difícil situação de concordar ou assumir-se covarde, senão desonesto. Não há espaço para a neutralidade diante da argumentação demolidora que exige o assentimento respeitoso. Saem do debate arrasados o niilismo, o ceticismo, o relativismo, o idealismo, o evolucionismo… e é impressionante como assim Mário prepara o solo sobre o qual ergue sua filosofia positiva, dando-lhe a feição de imperiosa ante as correntes intelectuais em voga. É inegável: Mário Ferreira dos Santos é um fenômeno da mais alta categoria no pensamento ocidental.