Há um conselho que muito agradaria os leitores, mas jamais foi dado a escritor algum, e que consiste no seguinte: o autor cujas páginas dos livros que tem não bastam para satisfazer sua necessidade de comentá-los faz bem destinando o excesso, ou o todo de seus comentários a uma obra concebida especificamente para tal. Fazendo isso, evita-se, primeiro, que tais comentários se interponham numa narrativa que nada tem com eles, que a interrompam e a atrapalhem. Em segundo lugar, tal obra, existindo, fará bem ao próprio autor, que terá nela um estimulante depósito de comentários, caso não disponha de um amigo ou uma pessoa real qualquer para exercer esta função.