A maneira como, em Guerra e paz, Tolstói repetidamente desdenha do “gênio militar” que deixou a Rússia destruído e de todos os seus vis admiradores é uma mostra acachapante de sua nobreza e altivez moral. O desserviço que prestam historiadores idolatrando loucos assassinos, escravos das ambições mais abjetas que fizeram da carne humana o trampolim para seus anseios mesquinhos, apresentando-os como criaturas superiores e modelos de virtude é digno de repulsa total. Tais historiadores, lambedores de botas medíocres, frequentemente encontram o admirável em tarados responsáveis por carnificinas espantosas, e o narram com a pompa de um patriotismo vestido de honra — mas são os mesmos que, em vida, vendem a honra por um elogio público e imploram de joelhos por aceitação.