Idealizam a esperança somente aqueles que jamais a miraram em plenitude, que jamais lhe mediram os efeitos derradeiros. Machado, que a conhecia muito bem, classificou-a como a “erva daninha que come todas as outras plantas melhores”; os gregos tinham-na como o mais terrível de todos os males… Idealiza a esperança somente o que nunca lhe reparou com atenção as sequelas destrutivas, a ruína total em que frequentemente atira o esperançoso, turvando-lhe a faculdade do raciocínio, o senso do ridículo, incitando-o a tomar decisões estúpidas e irresponsáveis, que arriscam-no juntamente de quem lhe esteja em redor. O justo é que seja o esperançoso tratado qual criança, como alguém carente de que lhe digam os limites, o que se pode e o que não se pode fazer. É sempre perigoso que ele tenha em mãos instrumentos destinados a adultos sãos e maduros.